domingo, 29 de maio de 2011

IMAGEM E POESIA


Imagem:
                                Quadro INFÂNCIA (Orfanato) da pintora brasileira Tarcila do Amaral.


Poesia:
INFÂNCIA NO ORFANATO

O que é a infância?
Circunstância...
De vida tem ânsia.
E no orfanato?
De fato...
Jamais um ornato.
Circunstância,
Um belo retrato.
Infância no orfanato
Seria perder a infância?
Seria ganhar um teto?
Sonhá-la sem mal trato,
Vida em abundância,
Infância no orfanato.
Apesar de tanta distância,
Com o amor ter contato.

Infância no orfanato
Não é como viver na estância,
Mas tem brincadeira de gato e rato.
Também tem implicância
E esconde-esconde de sapato.

Infância no orfanato
É vida sem ganância,
Família sem o tradicional formato.
Atitudes em vigilância
Com a esperança um firme contrato.
Infância...
no orfanato.

A pintora e desenhista Tarsila do Amaral foi uma  das figuras centrais da pintura brasileira e da primeira fase do movimento modernista brasileiro, nasceu em Capivari em 1886 e faleceu em 17 de janeiro de 1973 São Paulo.
Tarsila do Amaral, através de sua obra, revolucionou a arte no Brasil, definindo sua ambiçã nas artes da seguinte forma: "Quero ser uma pintora da minha terra". 
Sua obra passou por diversas fazes: pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros, pintura de temas sociais e pintura antropofágica.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Releitura do Conto "A CARTOMANTE" de Machado de Assis



A CIGANA

    - Pare de rir, Fredy. Não é brincadeira,você não percebe que o que ela me disse é verdade?
   - Ora, Raquel, só você mesmo para acreditar na profecia de uma cigana. Até parece que você não conhece a história dos ciganos... São especialistas em enganar, trapacear e essa história de ler a mão, francamente Raquel, só rindo mesmo.
   - Tudo bem, mas e como você explica o fato de ela ler nas linhas da minha mão que eu encontrei recentemente um grande amor, que há duas pessoas em minha vida e...
    - Tá certo, tá certo, não vamos discutir. Quer acreditar, acredita. Pior cego é o que não quer ver.
    - Cega eu, ta legal! Saiba que estou com os olhos bem abertos, de olho em você. Sorte sua que a cigana me confirmou seu amor.
    Frederico e Raquel mantinham um relacionamento há meses, encontrando-se sempre em locais diferentes para evitar que Mickael desconfiasse do envolvimento dos dois.
    Mickael  e Frederico eram amigos de infância e juventude. Estudaram juntos até o final do ensino médio, quando Mickael  ingressou no curso de Engenharia na UFRGS e mudou-se para a capital. Frederico não deu seguimento aos estudos, ficou em sua cidade, arrumou um emprego de auxiliar administrativo em uma empresa da cidade e foi levando a vida.
    Sempre que Mickael  vinha aos feriados ou mesmo nas férias, os dois amigos se encontravam e faziam programas juntos. Aos poucos Mickael  foi diminuindo suas vindas, havia arrumado uma namorada que descrevia ao amigo como uma tremenda gata.
    Concluída a faculdade, Mickael  é contratado por uma empresa paulista, se casa com a namorada Raquel e fica um bom tempo sem voltar à cidade natal, já que seus pais não residem mais ali.
    Até que uma grande obra a ser construída na região traz Mickael como engenheiro-chefe de volta à cidade e ao convívio do amigo.
Raquel encontra dificuldades em se ambientar na cidade pequena, o marido sempre trabalhando e viajando muito. Frederico, tentando prestar um favor ao amigo, procura mostrar a cidade a Raquel, fazendo passeios e visitas para que ela se sinta menos solitária. Sabe que o amigo confia nele e tem sempre bem presente que o mesmo não admitiria traição. Não bastasse o convívio direto, passam a trocar idéias e opiniões através do MSN e do celular. 
    No aniversário de Frederico, Mickael  está na cidade e, acompanhado de Raquel, vai ao jantar de comemoração. Mickael  dá ao amigo uma camisa oficial do seu time e Raquel discretamente lhe alcança um guardanapo onde escreveu sua mensagem de aniversário. A camisa tão cobiçada passa despercebida e o simples pedaço de papel passa a ser o melhor presente que jamais recebera. O inevitável acontece, está perdidamente apaixonado pela esposa do amigo. A familiaridade e o convívio foram tornando-os íntimos e tanto Raquel quanto Frederico acabam por se envolver. Procuram tomar todos os cuidados para que Mickael  não desconfie de nada. Marcam seus encontros por mensagens no celular imediatamente deletadas após o recebimento. Vão para cidades vizinhas onde frequentam motéis, restaurantes, hotéis e cabanas.
    Certa manhã, ao abrir sua caixa de e-mail, uma mensagem escancara sua situação de amante, traidor da confiança de seu amigo.
    Frederico se afasta do convívio do casal para disfarçar e evitar falatórios. Mickael  continua confiando no amigo e chamando-o à casa quando não está em viagem. Ao que Frederico arranja desculpas para não comparecer, chega a inventar que “está ficando” com uma garota.
    Foi quando Raquel, em uma cidade vizinha, indo ao encontro do amante, cruza pela cigana que lê a sua mão e aponta um final feliz para o seu romance.
Sobre a acusação recebida por e-mail, Raquel não acredita que seja de Mickael :
    - Não, ele anda sempre tão atarefado e sabe que vou às cidades vizinhas para “consultas” a médicos e dentistas e passeios pelo comércio.
    Certamente ele imagine que a esposa sinta saudades dos shoppings e galerias que frequentava quando residia em São Paulo ou mesmo em Porto Alegre, precisando distrair-se em passeios pelas ruas mais movimentadas dessas pequenas cidades que agora visita.
    No entanto, para não dar margem ao azar, decidem manter-se afastados por um tempo. Ela continuaria com seus passeios, mas não mais se encontrariam.
    Antes de voltar para casa, Frederico compra um novo chip para seu celular a fim de que possa se comunicar com Raquel através de um número desconhecido para Mickael , caso precise. Então volta ao seu pensamento o ditado recém dito à Raquel. “O pior cego é o que não quer ver”. Seria Mickael  um cego que não quer ver? Será que seu amigo suspeita, mas não quer saber? Seria bom, poderiam muito bem continuar assim, os três. Talvez devesse voltar ao convívio do casal, pois era possível que Mickael  não quisesse saber de nada. E o e-mail provavelmente era de alguém com inveja dele. Afinal, cidade pequena é assim, adoram um babado. E se o circo pegar fogo, melhor.
    Dois ou três dias depois, Frederico recebe uma mensagem de Mickael  no celular:
    - Vem até aqui em casa agora. Preciso urgentemente falar com você.
    Era passado do meio-dia e ele estava iniciando seu almoço no restaurante.
   O que Mickael  poderia querer com ele àquela hora? Talvez não fosse cego, teria descoberto e estava prestes a tirar satisfação do amigo. Mickael  nunca mandara mensagem para ele, por que essa agora? Onde estaria Raquel? Pegou o telefone de número desconhecido e discou o número de Raquel, a ligação caiu na caixa de mensagens. O que estaria acontecendo? E se Mickael quisesse vingar a traição matando Raquel?
Frederico olhava as pessoas entrando no restaurante, parecia que todas sabiam da mensagem que recebera e cobravam uma atitude sua. Lê novamente a mensagem, agora imaginando-a dita pelo amigo. Sai deixando seu prato servido sobre a mesa. Ao se dirigir até seu carro, percebe em um banco da praça duas ciganas. Imediatamente lembra da consulta de Raquel e da profecia da cigana. Mas ele, não ele não era cego.
    Novamente a mensagem lhe vem à mente. E então:
    - Moço, posso ver sua sorte?
    - Ahn?!
    - A sorte senhor, posso ler sua sorte?
    Tomando a mão de Frederico e percorrendo-a com o dedo indicador a cigana lhe diz:
   - O senhor levou um susto! Está vendo esta linha partida aqui, é uma preocupação muito grande, alguém com inveja, querendo o seu mal, mas nada de ruim vai lhe acontecer. Vejo uma mulher muito bonita em sua vida, ela está lhe esperando. Também vejo muito sucesso...
    A cigana falava rápido e da mesma forma as preocupações foram sumindo rápido da cabeça de Frederico. Aliviado, ele retira o dinheiro que dispõe em sua carteira e alcança para a cigana, entrando no carro e dirigindo-se até a casa de Mickael .
    A empregada atende levando-o até a sala onde Mickael  o espera. Sobre uma mesa, uma grande pasta em couro, do tipo catálogo, com um bonito laço de fita em volta.
    - Mickael, o que houve?
    - Sente-se amigo, chamei você aqui porque tenho um presente para lhe dar.
    Pegando da pasta, Mickael  entrega-a ao amigo e pede que abra.
    Na pasta há notas e recibos de altos valores, Frederico estranha:
    - O que é isso?
   - Isso?! Isso é o que você me deve: Cirurgia de lipoaspiração R$ 8.000,00, implantação de silicone R$ 5.500,00, mega hair R$ 4.250,00, implante dentário R$ 6.185,00, massagista.., cosmetologista... esteticista..., enfim, veja você mesmo.
    - Pode deixar o cheque sobre a mesa. A pasta é sua. ... Ah, Fredy, por favor não esqueça de levar a Raquel com você. Mas cuidado, pois o pior cego é aquele que não quer ver.


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Abecedário da Xuxa

A de amor
B de baixinho
C de coração
D de docinho
E de escola
F de feijão
G de gente
H de humano
I de igualdade
J juventude
L liberdade
M molecagem
N natureza
O obrigado
P proteção
Q de quero-quero
R de riacho
S saudade
T de terra
U de universo
V de vitória
X do que que é?
É Xuxa!!! e
Z zum zum zum
Vamos brincar
Vamos dançar
Alegria pra valer
Com o abecedário da xuxa
vamos aprender
Ehhhh!!!!

Vamos brincar
Vamos dançar
Alegria pra valer
Com o abecedário da xuxa
vamos aprender
Ehhhh!!!!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ABECEDÁRIO DA XUXA

<object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=2743921" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object>

terça-feira, 10 de maio de 2011

União das linguagens visual, auditiva e verbal

MÚSICA "Years of Solitude" de Astor Piazzolla e Gerry Mulligan 

http://www.goear.com/files/external.swf?file=d3dd0fd


  
A grande arte da vida está em fazer da solidão, 
um grande encontro com a paz.

domingo, 8 de maio de 2011

BRINCANDO COM POESIAS

Nossas crianças quando chegam à escola já trazem consigo alguma experiência com relação à poesia. Essas experiências vêm das cantigas de ninar, cantigas de roda, parlendas, adivinhas e poemas de entretenimento aprendidas na família e/ou na creche. O que se pode perceber, também é que a criança já traz dentro de si, o dom do gosto pela poesia, pela música, enfim de fazer determinada atividade, influenciada pela família e grupo de convívio antes de ir para a escola. Cabe então à escola dar continuidade ao desenvolvimento daquilo que a criança já traz dentro de si. Mas, a escola precisa apresentar e trabalhar a poesia como brincadeiras com as palavras.
A poesia é uma atividade encantadora, que nos transporta para um mundo em que as palavras ganham vida e autonomia. As brincadeiras infantis estão cheias de poesias, de sons, presentes nas cantigas de rodas, parlendas e quadrinhas. Elas brincam com os sons, usam e abusam de trocadilhos, aproximam-se mais da linguagem e do jeito de sentir das crianças. Não há criança que não se divirta com um bom jogo de rimas ou mesmo com uma série complicada de sons para pronunciar, como no caso dos trava-línguas.
O trabalho com poemas estimula a sensibilidade, familiariza a criança com uma linguagem mais elaborada, estimula a oralidade, a criatividade, a reflexão, a memorização e a criação. Tudo isso, brincando com palavras.
Para brincar com as palavras, as crianças também precisam se divertir com as imagens, se encantar com as rimas, se deslumbrar com as histórias e, depois de tudo isso se sentirem motivadas a conversar sobre o que leram ou ouviram, escrever suas próprias rimas e poemas, ler e recitar poesias, desenhar painéis que demonstrem suas sensações e versões das poesias trabalhadas.
A rima é um recurso agradável e divertido, a representação do poema (dramatização) é onde eles próprios se encarregam da coreografia e apresentação do mesmo, sendo na pré-escola que tentamos recuperar a maneira lúdica e espontânea das primeiras experiências das crianças, através de atividades de repetição de sons, aliadas a movimentos corporais, presentes nas parlendas, nas cantigas de rodas, nas brincadeiras e jogos infantis.
O trabalho com poesia deve ser feito sem a preocupação com outros conteúdos e também não deve ter preocupação com o estilo, rima ou outra cobrança do professor. Assim, quando a criança é livre para criar sua poesia o trabalho fica divertido e interessante. Pode-se trabalhar sobre um assunto, uma gravura, um acontecimento, exercitando a criação das crianças. Também se podem fazer brincadeiras do tipo rima-rima, onde cada um aponta uma palavra que rima com outra e depois essas palavras podem ser usadas para elaborar um texto. As letras de música são poesias e pode-se trabalhar com paródias, criando novas letras para melodias já existentes. Outro trabalho que pode ser feito é completar poemas onde foram tiradas algumas palavras. Com os nomes também se pode brincar de encontrar rima.
Infelizmente há professores que teimam em “castigar” seus alunos dando a eles leituras que os distanciam das delícias dos textos divertidos, e tentam em tudo "achar" um conteúdo para trabalhar, usando o texto como pretexto. E há ainda os que submetem os alunos a tenebrosas leituras obrigatórias que pouco ou nada deixam de proveitoso e que, de quebra ainda consistem em avaliações monótonas e nada significativas. Se a leitura não está em sintonia com o universo em que vivem os leitores é pouco provável que ela frutifique, que gere resultados ou ainda que promova o conhecimento. A leitura precisa ser agradável e contextualizada. Por isso, que tal brincar com poesias?

sábado, 7 de maio de 2011

Afinal, o que é poesia?

A POESIA É UMA PULGA

A poesia é uma pulga,
coça, coça, me chateia,
entrou por dentro da meia,
saiu por fora da orelha,
faz zumbido de abelha,
mexe, mexe, não se cansa,
nas palavras se balança,
fala, fala e não se cala,
a poesia é uma pulga,
de pular não tem receio,
adora pular na escola...
Só na hora do recreio!
Sylvia Orthof

POESIA É BRINCAR COM PALAVRAS
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
Bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
Quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam."
        
José Paulo Paes



Um bom poema é aquele que nos dá 
a impressão de que está lendo a gente ... 
e não a gente a ele!
                                          Mario Quintana



O poeta vai tirando da vida
os seus poemas
como pássaros desobedientes
e amestrados

A palavra é o seu castelo
sua árvore encantada,
abracadabra construindo o universo.
                                                Roseana Murray

ONDE ESTÁ A POESIA?
 Está em cada ser
Em cada amanhecer
Em cada anoitecer

Em cada vida encontramos a poesia
                    No pensar
                    No sentir
                    No agir
Tudo é movimento
Na dança
No vento
Na chuva

                   A poesia está aqui,
                   Ali e em qualquer lugar,
                                  Basta sonhar.
                                     Brisa
           Há poesia
           Na dor
           Na flor
           No beija-flor
           No elevador

                              Oswald de Andrade


quinta-feira, 5 de maio de 2011

POESIA ?!... TEM TUDO A VER...

TEM TUDO A VER
            Elias José
                                               
A poesia
tem tudo a ver
com tua dor e alegrias,
com as cores, as formas, os cheiros,
os sabores e a música
do mundo.

A poesia
tem tudo a ver
com o sorriso da criança,
o diálogo dos namorados,
as lágrimas diante da morte,
os olhos pedindo pão.

A poesia
tem tudo a ver
com a plumagem, o vôo e o canto,
a veloz acrobacia dos peixes,
as cores todas do arco-íris,
o ritmo dos rios e cachoeiras,
o brilho da lua, do sol e das estrelas,
a explosão em verde, em flores e frutos.

A poesia
- é só abrir os olhos e ver –
tem tudo a ver
com tudo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Na história em quadrinhos, uma situação que envolve diferentes sentidos às palavras...

           As histórias em quadrinhos são sempre muito bem aceitas pelas crianças. As imagens, o colorido, as "falas" em formatos, tamanhos e cores diferenciados, além do movimento que sugerem, permitindo uma leitura do conjunto é de uma riqueza muito grande. 
          Vale a pena trabalhar com histórias em quadrinhos!


domingo, 1 de maio de 2011

A vivência cultural interfere na significação das palavras...

Essa é antiga, mas é verídica!
        Um jovem cuja família morava na cidade de Caibaté convidara sua namorada, uma moça da cidade, para acompanhá-lo até a casa dos pais a fim de conhecê-los.
        Seguiram os dois pelo trajeto mais curto, saindo de Cerro Largo e tendo que fazer a travessia do rio Ijuí através de uma pequena balsa, na Vila Tremônia.
       A moça, que nunca havia feito a travessia, ficou bastante apreensiva, questionou o noivo sobre a segurança da embarcação que era simples, com capacidade para dois a três carros, na época.
      - Fica tranquila, esses moços estão acostumados a fazer a travessia, não tem problema.
      Disse, referindo-se aos rapazes caboclos que cuidavam da balsa e que se movimentavam de um lado a outro da mesma, ora soltando cordas, ora esticando as mesmas.
      Quando estavam próximos da outra margem do rio, um dos rapazes gritou ao que estava no outro lado da embarcação:
      - Bombeia aí!
      A moça imediatamente entrou em pavor:
      - Estamos afundando, eles vão bombear a água que está entrando nas chalanas que sustentam a balsa!
      O noivo riu:
      - Não é nada disso. “Bombeia” para eles quer dizer olha. Olha aí se estamos na direção certa para atracar a balsa, só isso.

Outra verídica!

LANCHANDO NO RIO DE JANEIRO

Um amigo nosso, caminhoneiro, costuma levar sua família em viagens durante as férias escolares.
     Em uma dessas ocasiões, acompanhado da esposa e da filha de 12 anos, com um carregamento de alho, chegaram ao CEASA, no Rio de Janeiro logo pela manhã, após longa e cansativa viagem.
     Enquanto aguardavam o descarregamento, dirigiram-se uma lanchonete ali mesmo. Acomodaram-se em uma mesa e ele pergunta à filha e à esposa o que gostariam de comer e beber para o desjejum. 
     A mãe e a menina pedem uma batida, pensando em um farto copo de leite com frutas, e para comer, torradas, como as de presunto e queijo que costumam comer nas lancherias de sua cidade.
     Aos olhares de todos a sua volta, que logo percebem tratar-se de pessoas do sul, nosso amigo vai até o balcão e pede:
- Um café e dois pastéis para mim, um copo de batida e torradas para minha esposa e a menina.
- O gaúcho tem certeza, a batida é para elas?
- Preocupado com o caminhão e com a família, ele confirma, sério e ríspido.
- Sim, por quê? Não tem?
- Tem, é que essa hora, e a menina...
Quando o rapaz do bar traz o solicitado é que foram entender sua insistência em confirmar o pedido: a batida era uma espécie de caipirinha com cachaça, limão e açúcar e a torrada, uma fatia de pão torrado com manteiga.
Explicando, para desfazer o mal-entendido, descobriram que para os cariocas, a batida que elas queriam, era vitamina e a torrada, misto quente.